FRAGMENTOS DE FÉRIAS

FRAGMENTOS DE FÉRIAS

* Montar um quebra-cabeça de muitas peças é um exercício interessante. São muitos pequenos fragmentos de uma imagem inteira, no meu caso, 3000 pequenos fragmentos. Olhar tanta peça dá um certo desespero, daí a necessidade de se ter um método para montar. Primeiro, montar a borda. Depois, separar as peças por pequenos temas dentro da imagem, observando as cores, os tons e os detalhes de cada peça. Enquanto se faz isso, pode-se reparar em coisas que jamais se veria facilmente olhando o quadro como um todo. Depois, tentar ir montando, pecinha por pecinha. Não é fácil, principalmente se você pensa no todo, e em quantas peças ainda há pra montar. Mas se você pensar que o seu desafio é encaixar uma peça, depois mais outra, e outra mais, então, aos poucos, vai se montando e, quando se vê, boa parte da imagem já está visível. Qualquer semelhança com a resolução de quebra-cabeças da vida pode ser mera coincidência.
Me perguntaram, “se você anda cansada e precisa de sossego, por que comprou um quebra-cabeça pra ficar esquentando os miolos?”. Pensei, pensei e conclui que fazer um quebra-cabeça é a melhor forma de descansar, porque enquanto se pensa na peça e no encaixe delas, não se pensa em mais nada. E não há nada melhor pra descansar do que pensar em nada. Pelo menos de vez em quando.


* Sempre tive uma preguiça infinita de ler. Ultimamente, além de preguiça, ler me dá sono. Mas tenho um interesse enorme por certos temas e histórias, daquelas que só podiam estar escritas em um livro, então sempre faço um esforço. Para estas férias, tinha separado alguns volumes:
* Harry Potter e a ordem da Fênix;
* Estrela Solitária – um brasileiro chamado Garrincha;
* Depois daquela viagem – diário de bordo de uma jovem;
* As Brumas de Avalon;
* Homem Cobra, Mulher Polvo;
* O Pequeno Príncipe;
* As 100 melhores histórias eróticas da Literatura Universal.

Terminei três deles, um é imenso e posso ler aos poucos, o outro tem quatro volumes e pelos outros dois me desinteressei. Um dos terminados é o Pequeno Príncipe. Fazia muito tempo que não relia, acho que desde que era só uma menina ranheta. Hoje, adulta, vejo que realmente é um dos livros mais delicados e mais lindos em que já coloquei as mãos. Melhor que o encontro, só o reencontro.


* E reli a Odisséia, dessa vez com mais calma. Uma repetição de leitura, pra ser melhor digerida. Andava meio desconsolada com as repetições da vida. Parece que a gente vive, vive, vive e tudo continua sempre a mesma coisa. Há muito sofrimento, muita luta, e quando se pensa ter superado e aprendido com determinada coisa, lá está ela a se repetir; e tem horas que isso é tão cansativo que se torna triste. A vida é esse grande mar, hora com marés baixas, altas, mar revolto ou calmo, mas sempre o mesmo mar, com suas ondas imensas e seu horizonte distante, esse repetitivo e profundo mar. E ele pode causar enjôo, mesmo nos estômagos mais fortes, com tanto balanço.
Vi que Ulisses, o grande herói navegador, também sofreu com as idas e vindas do mar. Por várias vezes, quando estava quase chegando a sua casa, era surpreendido por uma tempestade que o fazia voltar ao começo, e a partir dali ter uma nova chance para fazer tudo diferente, até que venceu sua grande batalha e voltou pra casa. E é isso mesmo. As situações se repetem porque só se aprende pela repetição, e quanto mais teimoso se é, mais tudo demora a acontecer. O ir e vir, o subir e descer, o morrer e o renascer. Até conseguir estar em casa. É, marinheiro, marinheiro… Foi quem te ensinou a nadar?


* Incrível como a programação da televisão durante o dia está sofrível. Filmes péssimos, programas de fofoca, jornalismo incompetente, carniceiros do crime, novelas reprisadas, aff. E o pior, nem o Chaves eles passam mais… Chuif. Ainda bem que troquei o vício da TV pelo computador.


* Criança pequena é mesmo uma graça. Incrível como elas têm olhos abertos pra tudo, sabem tudo, e querem saber muito mais. Passando mais tempo com minha afilhada, e pegando um pouquinho emprestado da mãe dela esse prazer de observar uma criança crescer, fico encantada com cada descoberta que ela faz, e me sinto uma idiota como adulta, já que o mundo pra nós parece tão previsível e sem graça. Pra ela, tudo é uma novidade, tudo ela quer aprender e tudo faz com que os olhinhos dela se arregalem e brilhem de satisfação. É muito fácil fazer uma criança pequena feliz – um colinho, um pouco de atenção, uma voz adocicada e pronto, ganha-se de volta o sorriso mais genuíno do mundo. Conforme se vai crescendo, vai-se perdendo essa simplicidade das coisas, e vamos precisando de cada vez mais coisas pra conseguir cada vez menos alegria. Vendo-a tão pequenininha, tão inocente e frágil, me dá uma pena dela… Um aperto no peito, uma dó de vê-la crescer e ter que enfrentar essa dificuldade toda que há pra se enfrentar pela vida, uma coisa tão forte quanto inexplicável que me leva às lágrimas. As pessoas andam cheias de manias feias, de medos, de traições, de mentiras, de comodismos e muito, muito medíocres em geral… E que mundo horrível é esse ao qual a Debinha vai ter que se acostumar. Mesmo aos pedaços, deu pra sentir que ser mãe não é nada fácil, mas é um raro prazer.


* Meu tomatinho faz um ano hoje, e continua sendo o meu xodó. Mesmo raspadinho do lado graças a total incompetência da dona em saber estacionar em vagas apertadas, ele continua sendo lindo, lindo, lindo. E só eu sei em quantos lugares importantes ele tem me levado. Tudibom. 🙂

19 comentários sobre “FRAGMENTOS DE FÉRIAS

  1. Como sempre, vc vê além. Mas senti uma tristeza enorme nas suas palavras, tanta que meu coração se apertou. Espero que vc saia desse período de reclusão ainda mais brilhante…. Conte com meu abraço, ainda que distante, é de coração pra coração, vc sabe… Te adoro mto, doce menina.

    Bjo carinhoso…

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  2. Concordo com o que disse sobre quebra-cabeças.. ótima forma de descanso sim. Mas, moça, depois do que vc já me contou sobre como é boa nisso.. fiquei assustado.. 😀

    E o lance da revisão gratuita-que-nada? Como ficou?

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  3. Eu reforço sua recomendação pro “Pequeno Príncipe” e pras “Brumas de Avalon”… sou fanzona!!

    Espero que esteja se divertindo com o quebra-cabeça que a gente vê de fora…

    Beijo enorme, minha querida!

    PS1: Obrigada pelo comentário… acho que vc tem toda a razão do mundo! Mas, amadurecer meio que dói um pouquinho…

    PS2: Ainda não me desliguei da sua cozinha…

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  4. Minha miga querida, isso que vc disse sobre a Debinha é o mais duro dilema da maternidade mesmo, a gente fica feliz de ver o bichinho crescer, mas teme demais pelo que pode acontecer de ruim pra eles, é a mais imensa felicidade misturada com uma angústia que não passa… E vc perceber isso sem ser mãe só mostra o qto vai estar preparada qdo chegar a sua hora.

    Sobre o quebra-cabeça, e as repetições, e o resto, só te digo que não gostei nada do seu tom, nada, nada… Te adoro, miga, fica bem, viu? Vou ligar procê hoje pra te fazer rir com uns babados meus, hehe.

    Bjo.

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  5. Sem sombras de dúvida, o melhor dentre os livros citado é “O Pequeno Príncipe” – incrível como o Exupéry soube, com uma linguagem infantil, descrever tão bem os arquétipos da humanidade. Um grande beijo e um ótimo fim-de-semana, Mafaldinha.

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  6. oi Mafalda. Eu sempre gostei de quebra-cabeças.Separava uma mesa e lá ficava. Eu ia montando aos poucos sempre que desse vontade.Para mim era mais que um passatempo. Era uma terapia.

    Gosto muito de ler também,mas atualmente tenho o livro Crime e Castigo ( de castigo na estante). Li apenas uma parte e não há meio de terminá-lo.

    E parabéns para o seu tomatinho.

    Beijos e bom fim de semana

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  7. Depois de muitos contra-tempos, parece que agora as coisas vão melhorar.

    Aproveita minha amiga, pq quando vc tiver um filho, vai ficar anos sem ler tranquilamente… rs… pelo menos até ele crescer… ou então lê enquanto ele estiver na escola…
    Quanto ao quebra-cabeças, eu não tenho a mínima paciência… rs… eu nem começo… talvez seja por isso que me sinto um pouco confusa… será?
    Sei lá… é pra se pensar…
    Beijos!

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  8. Não tenha paciência paa quebra-cabeças, prefiro fazer outras coisas para relaxar, tipo as minhas assinaturas que adoro, mexer com gráficos, ler, assistir programas relax, tipo Fama… rs Para mim é a melhor maneira de esquecer os problemas.

    Adoro o Harry Potter, queria ler o Garrincha. Tenho certeza que meu pai tinah esse livro, mas não consigo encontrar. Não da mais para perguntar a ele onde le gaurdou, mais um dia eu acho. Estou lendo o Senhor dos Aneís.

    Lembrei do Lulu Santos: “nada como uma onda, depois de uma onda, depois de uma onda…” assim é a vida, cabe a nós viver-la da melhor maneira possível… :))

    Eu assisto a Tv paga…

    Não tenho criança na família, pelo menos não na família mais próxima, mas daqui há uns 2 anos tá planejado um baby.

    Bjssssssssss
    bom fim de semana.

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  9. Olá… estou cada vez mais encantada com seu blog, amiga…
    Acho que nunca montei um quebra cabeças tão grande…gostei do paralelo com a vida… neste momento acho que seria mesmo indicado que eu pegasse algo pra “pensar em nada”…
    Quanto a crescer… por coincidência ontem comentei com uma amiga sobre a dor que isto traz…Crescer é bom, mas nos leva a encontrar situações cada vez mais complexas, coisas que na ingenuidade da meninice nem sonhamos… e, cá entre nós… se a gente soubesse como a vida é maluca, com certeza não ficaríamos naquela época querendo crescer logo… é por isto que eu penso que devemos fazer com que as crianças tenham a oportunidade de serem crianças, de viverem a fantasia.. . porque o real, bem… o real nós sabemos que dá trabalho decifrar…

    Mil beijos… logo a gente se vê pra “aquele abraço”

    PS. Amiga, por favor , publique um livro!

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  10. Carlinha, vc é uma lindeza. :)))))))

    Karininha… Td isso que vc disse, td importante, mas gostei mais da parte das repetições. Conversamos ainda outro dia sobre isso, vc parecia quase tão desanimada qto eu, e disse que ia pensar no assunto. Vc conseguiu tirar dele uma boa lição…. Sei lá.

    Bjos mil.

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  11. como sempre, lindo o que vc escreve…
    faz tempo que não releio O Pequeno Príncipe, mas to pensando em ler de novo nessas férias, vai ver o que tá faltando é isso.
    parabéns pela afilhada. criança é o máximo mesmo. babo com minha maninha de três aninhos, e com meu primo de cinco. é um barato mesmo…
    e parabéns pelo tomatinho. qualquer dia vou ter um desses… hehehe… espero!
    beijo, bom final de semana.

    não sabe quem pintou no meu BROG! vai lá conferir… espero que goste tanto quanto eu.

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  12. É engraçado, procurava na internet as tirinhas da mafalda e quando li o titulo da página achei pura e simplismente ousadia de quem colocara este nome, primeiro porque sempre achei que mafalda não poderia crescer. Segundo porque quem assumiria a responsabilidade por isto…

    Porém confesso que me dedicando um pouco de tempo para ler… vi que a você devo o direito de recriar mafalda crescida. Adorei seus comentários… E acabei pegando ainda o dia do comentário sobre o pequeno principe.. já o li e reli algumas vezes… e sempre o acho perfeito…

    achei que pudessemos trocar emais… sei que sou de longe, mas a internte venho pra juntar as peças que não vieram na caixa 😀

    continue a ser especial
    :***

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  13. Adoro livros e quebra-cabeças. Quanto ao futuro das crianças de hoje, cabe a nós adultos orientá-las e prepará-las para que cresçam fortalecidas e prontas a enfrentar as adversidades que porventura surjam em seus caminhos.
    Beijos e um lindo final de semana para você.

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  14. Ah, poxa, vc está de férias? De férias? Montando um quebra-cabeça? Quer saber? Acho que vc deveria terminar o que quebra-cabeça e depois, sabe?, dar uma passadinha por aqui…é um convite. Beijos. Mafalda.

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