SOU SUA FÃ


Eu era criança, mas ainda me lembro de ter curtido um pouco daquela febre dos Menudos aqui no Brasil. A gritaria, a histeria, as coreografias montadas para aquelas músicas horrorosas, que todo mundo imitava… A overdose da exposição dos garotos na TV e no rádio. Meninas chorando, pais preocupados, pessoas analisando o caso nos programas vespertinos de televisão, as bancas cheias de fotos e revistas, os discos esgotando, pessoas se estapeando pra comprar ingressos pra shows. Os Menudos eram ídolos das garotas adolescentes. Elas adoravam tudo que eles faziam, cada mexida no cabelo, cada roupa florescente que eles colocavam, cada rebolada. Algumas faziam loucuras por eles. Como uma febre… Uma chama bem forte. Para as fãs, os pobres meninos ricos porto-riquenhos eram perfeitos.

Depois, fiquei adolescente também, e fui fã de uma boy band norte-americana. Eram cinco garotos. Todos bonitinhos. Hoje eu vejo que não eram deuses gregos, e alguns deles eram feios mesmo. Mas pareciam lindos e perfeitos aos meus olhos, porque eram os meus ídolos. Me lembro de colecionar tudo. Pastas e pastas com fotos, recortes de jornais, letras de música, postais, pôsteres giagantes, bonequinhos. Eu tinha um quadro dos caras ( nem eu acredito, um quadro com uma foto dos caras na parede! ). Gastava boa parte do meu rico salário mínimo com eles. Quando eles vieram ao Brasil, para fazer um show no Rio de Janeiro, quase fugi de casa pra ir. Eu teria tido coragem, se tivesse dado um jeito de arrumar a grana. Ficava o tempo todo acompanhando os passos deles na televisão, esperando com o controle remoto na mão para gravar qualquer coisa, qualquer nota ou pedacinho de reportagem, videoclip ou show que passasse deles. Ficava brava com quem falasse mal. E ficava revendo, e revendo, e revendo tudo que juntava. Não lembro direito o que eu pensava, se achava que um dia ia encontrar com eles, ou não. Mas lembro que fui acometida por uma espécie de loucura passageira que só as paixões platônicas produzem. De tão forte, não pode mesmo durar, senão consome até virar pó.

Um dos filmes do Robert Zemeckis que eu mais amo é o Febre de Juventude. Nele, um retrato da Beatlemania é pintado com muita sensibilidade e bom humor. Um grupo de garotos e garotas fazem de tudo para chegar perto dos Beatles durante a gravação do programa do Ed Sullivan. Nunca esqueço da cena da garota que conseguiu entrar no quarto de hotel deles, e agarra a guitarra do Lennon, passando os dedos nela como se estivesse tocando a pele dele. Era só um pedacinho de quem ela mais achava que amava, mas era o suficiente para fazê-la delirar. É mais ou menos isso que um fã sente. E só sendo fã mesmo, porque, para o fã, o ídolo é alguém acima da média. Sobrenatural. E por isso mesmo, distante. Seria horrível admitir que aquela pessoa iluminada e atraente é só humana… Só uma pessoa.

Depois de uma certa idade, a gente deixa os ídolos pra lá, porque percebe que é melhor ter heróis. Heróis são pessoas que a gente admira calmamente, observando, acompanhando, imitando. Heróis são pessoas de verdade, das quais gostamos de estar perto, tocar, conviver. Pessoas que a gente aprende a amar devagar. Mas os heróis ficam pra uma outra hora.

Pode ser uma tremenda bobagem acreditar em ídolos. Mas é uma fase pela qual todos temos que passar. Porque todo amor nasce da admiração. E é tão gostoso admirar… E ser admirado. Sem admiração, não tem febre. E sem febre, não tem paixão. E sem paixão… Pra quê?

A QUEM INTERESSAR POSSA…
* Meu bloguezinho agora tem comunidade no Orkut. Não faço a mínima idéia pra quê, mas tem. rs Eis o endereço.
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=3607255
* Meu amigo me ajudou a instalar o w.bloggar, e por isso agora vou voltar a fazer posts coloridinhos novamente.

34 comentários sobre “SOU SUA FÃ

  1. Quando me lembro dessa fase “menudo” e de algumas outras que vieram depois, só consigo pensar o quanto foi bom viver cada fase. Se hoje no alto de meus quase 33 anos, posso olhar pra trás e dizer “vivi” é por coisas como essas: tietagens na adolescência, gritarias na montanha russa, amores platônicos…que bom que tivemos oportunidade para tudo isso! somos ou não privilegiadas…

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  2. Algumas teorias dizem que tanto os í­dolos como os contos de fada, ajudam a criar personalidades saudáveis… com isso, então, vamos lá !!!! Amei esta sua frase: “Porque todo amor nasce da admiração. E é tão gostoso admirar… E ser admirado. Sem admiração, não tem febre. E sem febre, não tem paixão. E sem paixão… Pra quê?” Beijinhos, Karina !

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  3. Kari, eu entendi perfeitamente o que vc quis dizer com esse texto. E quero dizer que sou sua fã… Talvez não no sentido que vc gostaria, mas sou. rs Eu acho lindo td que vc faz. De verdade.

    Bjo enorme, querida.

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  4. Oi miga 🙂

    Legal pensar nessa época das paixões infantis, tive as miknhas mas como diz o Alex, sou uma mulher de fases e a minha atual fase está muito desbotada, acho que é porque fui obrigada a trancar a faculdade por causa do trabalho, tanto que nem tenho postado. Espero que logo passa voltar, a faculdade de Historia me faz muito feliz e a distancia dela tem me feito muito comum.

    Acho que agora tenho uma linha de raciocínio para escrever no blog… Risos!

    Tá vendo a fase já tá mudando de novo.

    Beijoca miga!

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  5. A realidade fica em desvantagem em relação aos quadrinhos ou filmes. Nestes, os heróis, geralmente, são super e facilmente reconhecidos. Mas talvez…por isso mesmo, seus feitos não ultrapassem a linha do “mais que a obrigação”. Quem sabe essa não é a nossa vantagem, a dos reles mortais? Reconhecemos os heróis mesmo em atos tidos como pequenos, completamente inesperados. Isso nos estimula a ser heróis tb.

    Tá cheio de herói aí fora… e nem precisamos de visão de raio x para descobrir. Basta ficarmos bem atentos e de coração aberto. 😉

    Beijão, minha querida. :-**********

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  6. Meu maior ídolo, sempre foi o Renato Russo (mentiria dizendo que ainda não é) e como nunca tive a honra, ou o prazer de vê-lo pessoalmente, no meu ponto de vista, ele vai continuar sendo “sobrenatural’… Agora… Mais que nunca!

    E vc… Como sempre, ‘detonando a concorrência’!

    Ótimo texto!!!

    Abs.

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  7. Nunca fui fanzoca de nada, mas , adorava o James Taylor, ainda adoro,e, vindo ao brasil, fui ao show e ele veio flar comigo me deu bj e tudo! ;-)) tenho foto rpa provar! ;-)) mas, quanto aos menudos, quando eles vieram ao brasil, um deles se encantou pela filha de uma amiga.. his’toria ótima, um dia desses, conto!

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  8. a gente idolatra, depois esquece.. tive a tal febre pelos menundos, meu quarto era horroroso, tinha duzentos posteres grudados pela parede..

    enfim, este pesadelo passou. agora vou lá na tua comunidade.

    te beijo

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  9. Karina, citei vc e um post seu no meu blog hoje, um texto que vc escreveu sobre o seu pai e o Horácio, da Turma da Mônica. Espero que não se importe!!!!

    Vai lá fazer uma visitinha…!

    beijos

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  10. Karina!

    Eu também gostava de Menudo… Mas acho que nunca tive uma ‘paixão avassaladora’ por algum ídolo, não do jeito que você falou, de colecionar tudo, assistir tudo o que fosse possível…

    Agora, de verdade, eu amo o que você escreve e já estou na sua comunidade no orkut!

    Beijinhos!

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  11. Oi Kari! dei uma sumida básiga, mas tô de volta a net! Eu não sei bem se tenho heróis ou ídolos… Acho que tenho ambos, por que creio que meus ídolos são também meus heróis. Em primeiro lugar são meus pais, se eu for metade do que els são algum dia estarei realizada! Depois os meus avós. Acho que depois de todos eles vem a Cássia Eller, que é algém que eu admiro muito, e o Guilherme arantes. No mais é só! Beijão!

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  12. Oi, Karina Crescida! rs

    Adorei seu texto! Eu também já fiz cada coisa na minha adolescência…mas é isso mesmo o que você disse: “Sem admiração, não tem febre. E sem febre, não tem paixão. E sem paixão… Pra quê?”. Certíssima!

    Outro dia teve uma festa em casa “anos 80” e eu peguei todos nossos LPs da época pra fazer a “decoração”…foi tão divertido relembrar das loucuras daquela idade. De ver 500 vezes o mesmo clipe de algumas bandas, comprar pôsteres, camisetas, broches…rs…

    Tem umas fotos lá, dá uma olhada depois pra você se divertir, se quiser! 🙂

    Beijos.

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  13. 1º vez em seu blog. Achei bacana esse post. Nunca tive ídolos, mas artistas que admirava bastante. HJ, nos meus 30 anos, não tão bem vividos, também procuro admirar pessaoas “reais”, meio a tanta calamidade no nosso dia-a-dia.

    Abraços, Ney

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  14. Do alto dos meus 24 anos, dando uma olhadinha pra tras não lembro de ter tido grandes ídolos na minha adolescencia, a maior parte do tempo estive perdida em mim mesma e meio fechada para a vida, mas agora experimento todas essas senssações a que você se referiu sobre os ídolos só que em relação aos heróis. conheci algumas pessoas que ocupam meus pensamento toda vez que dou uma paradinha no que estou fazendo, pessoas reais mas, que admiro tanto que poderia perder meu onibus para esperar na paradapor elas ou ficar até mais tarde no trabalho só para desfrutar uns segundos mais de sua presença e coisinhas assim…

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  15. Eu sempre tive ídolos, querida. E não foram poucos! Chegava a sonhar com alguns e nunca os esqueci. Um dos momentos mais emocionantes da minha vida foi assistir Paul in Rio. Vou lá ver a sua comunidade no Orkut. Beijos.

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  16. com certeza todos nós passamos por essa fase de ídolos…mas qdo amadurecemos percebemos que são pessoas tão normais quanto nós que o adorávamos

    beijos, Karina…como sempre, um texto muitíssimo bem escrito

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  17. Eu queria um convite p/ o orkut, estou procurando uma amiga q/também se chama Karina, perdi o contacto

    à 12 anos e me disseram q/ no orkut ficaria mais fácil de acha-lá,

    quem sabe?

    Se vc/ tiver um convite me envie por favor.

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  18. Eu idolatrava os caras do Skank, até o dia em que fiquei cara a cara com eles, e fui super mal tratado, especialmente pelo tecladista. Daí, parei com essa coisa de idolatrar, e hoje em dia, só curto a música mesmo! Vi que todo mundo é igual, realmente…

    Beijo!

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  19. Menudo pra mim foi uma das minhas paixões de criança,tive o disco deles,uma revista aonde tinha fotos e letras das musicas,tenho saudade dessa época,aonde existia ingenuidade,era muito bom a espera deles na tv ou nas rádios…
    Quem não viveu,não tem idéia do que foi o Menudo naquela época,uma verdadeira febre mundial…

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