BOBEIRINHA

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A MEIA
A meia é uma coisa engraçada. Talvez porque ela não seja apenas uma coisa, e sim várias coisas. Ou meia coisa, conforme o caso.
Dizem, por exemplo, que meia pode ser o nome chique do número seis, principalmente se a gente estiver ditando números para uma pessoa e não quiser que o seis se confunda com o três. Então a gente diz “dois-nove-meia-três-cinco-oito-sete”. Talvez tamanho luxo reservado apenas a um número se deva ao fato de que seis é meia dúzia. Mas aí já é outro meia.
Meia também é uma coisa que é quase aquilo, mas não é aquilo tudo. Por exemplo, quando não é frio nem calor, é meia-estação. Quando não se é nem muito jovem, nem muito velho, se está na meia-idade. Quando não está nem claro nem escuro, se está num ambiente à meia-luz. Quando não se fala nem forte, nem fraco, se fala à meia-voz. Dizem, inclusive, que os meios termos como esses costumam ser mais saudáveis, mais envolventes e mais tranqüilos. Nem lá, nem cá… No meio do caminho.
E por falar em meio do caminho, essa coisa de meia também pode ser o ponto central entre dois pontos distantes, entende? Talvez você não esteja entendendo, porque esse texto tende a ficar meio confuso, como ficam todos os textos nos quais um assunto se repete. Mas então, o ponto central entre dois pontos distantes. Nesse caso, meia quer dizer metade. Existem metades muito saborosas, como, por exemplo, quando você come meia maçã, ou paga meia-entrada no cinema. Outras metades podem ser belas e meio tristes, quando você vê a meia-lua no céu, minguando; ou mesmo alegres, quando você vê a mesma meia-lua crescendo para se tornar cheia. Podem ser metades táticas, como aquele jogador meia-direita que cobre uma parte específica do campo de futebol ( para que o outro time não faça a festa inteira ). Metades inspiradoras, quando você olha no relógio e deu meia-noite – e você pensa que ainda tem um dia inteirinho pela frente pra fazer o que quiser. Ou então metades familiares, quando se tem uma meia-irmã – que nem por isso precisa ser meia amiga.
Tem também o meia que é ponto de tricô. Apesar de chamar meia, ele faz um ponto inteiro pelo avesso. Afinal, o direito é só meio lado da coisa.
Meia também pode ser peça de vestuário, aquela que, apesar de viver pisoteada e esquecida, é fundamental. Meia é um treco meio pessoal, que nem calcinha, cueca e escova de dente, principalmente o usuário da meia tiver chulé. Pensando em chulé, não dá pra entender como tem gente que usa meia pra fazer declaração de amor e pedir pra ser a meia do sapatinho do ser amado. Na realidade, precisa amar muito pra pedir pra ser a meia de um pé com chulé. Nessa área de meias, tem muitos tipos de meia. Meia calça ( que tem esse nome não por que cobre apenas uma perna e a outra não, mas sim porque é uma meia que queria ser calça ), meia-soquete, meia de um quarto e meia de sete oitavos. Aliás, como uma coisa pode ser meia e ser um quarto ao mesmo tempo? Ah, que bobagem, deixa isso pra lá. Importante é saber que meia é meia e acabou.

9 comentários sobre “BOBEIRINHA

  1. Meia acordada, meia dormindo…rsrsrsrs

    Mas seu post tá inteiro, nada de meia e muita meia…AAAHHHHHHHHH, Karina, amanhã a gente se fala!

    Um abraço e um beijo inteiros pra você ,que de meia amiga não tem nada, é completa!

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  2. Meia, meio, metade… Talvez seja algo fundamental ter uma metade ou mesmo uma meia(principalmente quando se tem chulé) mais meio, meia ou metade pode ser algo que complete, que forme um todo. Metade do seu coração, sua outra metade, tanto faz!!! Mesmo sendo meia ela só serve se em par(pra um pé não ficar com ciúme do outro),portanto, meio, meia , metade vai ter sempre a outra metade, esperando pra completar pra formar um só. Portanto ou por tão pouco já que é meia(rss rsss) não deixa de ser completo.

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  3. Esse texto da meia é impagável. Adorei da primeira vez que li e adorei hoje…então a conclusão é que vou gostar sempre!!

    Espero um dia que não será muito longe lê-lo em um livro seu. Aguardo por isso!!

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