Ano Novo no Cerrado

O cerrado me chamou, eu vim. Aqui, na  Canastra, nos últimos dias de 2022, eu pedi a Deus pra falar comigo. Ele, como sempre, não me negou o colo e as explicações que eu pedi.

Vim para entender o que foi este ano tão dolorido, tão difícil, tão ruim. Em vários momentos, achei que não ia dar. Mas deu. Aqui estou.

Aqui no cerrado, é tudo intenso.

Se é chuva, é muita chuva. Se é seco, é poeirão. Se é calor, esquenta tanto que incendeia.

Um bioma que não tem a exuberância óbvia da mata atlântica, ou das florestas. Paisagem enorme, que por ser curta na altura, assusta pela amplidão. Você olha, olha, e parece que não termina nunca.

Mas o que me chamou a atenção mesmo não foi o grande, mas o pequeno. Foi a vida que brota aqui no cerrado.

O desmatamento foi e é cruel. As queimadas, intensas – as naturais, e as propositais. No tempo seco, a carência de água chega a doer nos olhos. Mas… A vida se reinventa aqui. Ela resiste, e brota, e continua, e vai adiante, e enche os olhos, os ouvidos, o nariz, o paladar, o tato. A vida se adapta, e segue, apesar de todas as condições adversas.

Tem nascentes de água limpa e fresca brotando do chão seco – centenas delas. Tem flores que crescem no meio das pedras. Tem veado campeiro, ema, lobo, e tamanduá que corre no meio da vegetação curtinha, bichos livres, uma lindeza. Tem pássaros lindos, minúsculos e enormes, voando e cantando, que podem voar, e ficam aqui. Tem carcará juntando com galho seco fazendo contorno de beleza de luz e sombra com o sol. Tem árvores pequenas, retorcidas, de casca grossa, mas lindas – plantas que aguentam a seca, o fogo, e esperam pacientemente a abundância de água. Tem insetos construindo suas colônias, abelhas levando pólen pra lá e pra cá, fazendo sua função, apesar de tudo. Tem a esponjinha do cerrado, florzinha linda, que espera a chuva pra se abrir.

O cerrado me chamou pra me mostrar que nem sempre a vida vai se mostrar verde, forte e maravilhosa como uma floresta, nem sempre vai ser agradável e ter sombra.

O ano que passou, foi assim. Seca, poeira nos olhos, queimada, combustão espontânea. Na cachoeira de dentro, um fiozinho de água. Parecia que tinha secado. Mas nesse ambiente hostil, teve muita vida, muitas nascentes, muitas árvores pequenas e fortes, resistentes. Um trabalho que se reinventou e achou seu lugar, pra dar o ânimo que eu precisava pra terminar minha jornada logo mais. Novos amigos e amigas. Amigas e amigos antigos, que se mostraram fiéis e seguraram minha onda. Decepções terríveis, mas a descoberta de muita gente linda, que estava aqui o tempo todo, do lado, me sustentando. Superando a ideia de que preciso da aprovação de tanta gente que jurava me amar e me conhecer, mas não tem a menor ideia de quem eu sou e não me respeita, eu posso me encontrar e me mostrar de verdade. A compreensão do que é um casamento real, além das aparências, e o poder que isso tem na vida de alguém, me levou a um outro patamar de amor, a um outro sonho de família. Teve doença, cirurgia, medo, luto, abandono, loucura, mundo caindo a minha volta… E eu sobrevivi pra brotar de novo.

Não tenho mais medo da chuva, ela abre a esponjinha do cerrado, ela abre a mim também, ela enche a cachoeira. Criando uma casca mais grossa e retorcida, ainda que não chegue muito alto, eu posso sobreviver. Doeu muito. Mas eu estou aqui, esperançosa, me banhando no rio que começa tão pequeno e frágil… Mas depois vira um enorme e forte mar de água doce. É o caminho das águas, é o caminho da vida.

O cerrado me chamou pra mostrar que a vida é feita de ciclos, que em tempos hostis precisamos sobreviver e nos adaptar, e que nas épocas de chuva… Podemos encher, nadar e respirar aliviados. Tudo tem sua lição, sua beleza.

2023 virá, e já desisti de achar que ele vai ser assim, ou assado. Ele será como sempre.

Mas eu… Eu serei melhor e mais forte do que antes. Eu saberei crescer na adversidade e abrir depois da chuva.

Um bom ano a todo mundo que estiver disposto, disposta pra vida, em toda a sua complexidade e beleza. Que vocês também possam encontrar a esperança e a força que precisam pra continuar.

MUDA, TUDO MUDA…

MUDA, TUDO MUDA

Vendo minha foto de aniversário de 41 anos, e vendo a que tirei ontem, com quase 46, pensei que nesse tempo, nessa pequena fatia de tempo, 5 anos, tanta coisa mudou.

Mudou muito, e é visível. Não falo apenas de cabelos brancos, perder ou alinhar dentes, de usar mais ou menos maquiagem no rosto, de estar com mais ou menos quilos, de ter mais ou menos rugas. Nem do cabelo que caiu, encompridou, cresceu, encurtou, enrolou, alisou. Também não é sobre aquela veia que apareceu na perna, aquela verruga que sumiu, ou aquela mancha que se foi ali, para que uma outra aparecesse aqui, ou essas coisas que o Tempo inevitavelmente faz com todas as pessoas para mostrar que ele, o Tempo, é poderoso e soberano ( e é bom mesmo não esquecer disso ). Não falo APENAS disso. O corpo muda. TUDO muda. Mas tem outras coisas que mudam também.

Mudaram coisas ao meu redor. Coisas que eu não pude controlar, por mais que quisesse, e por mais que estupidamente tentasse. O planeta está mais destruído, mais odiento e odioso – estamos à beira de um colapso esquisito movido a ódio, ignorância e absurdos que a mulher de 41 jamais imaginaria observar com seus próprios olhos. A Terra está mais aquecida, mais seca, mais destruída, e continua a mudar a todo segundo, porque se mexe e TUDO que está vivo MUDA, ciclicamente, mostrando que, como humanidade, nem sempre evoluímos.

As pessoas em volta mudaram também. Conheci gente que passei a amar de maneira tão profunda, que não lembro como era antes de existirem para mim. Crianças cresceram e se tornaram adultos, bebês cresceram e se tornaram crianças, adultos envelheceram e estão velhinhos. Gente que eu amava e confiava cegamente, mudou, e seguiu outros rumos – direito delas; descruzaram o caminho delas com o meu. Gente que eu afagava e acarinhava no meu colo, me feriu, me mostrando, mais uma vez, que eu não aprendi ainda a amar direito – doei demais, e ensino as pessoas a abusar, criando um ciclo que machuca a mim de uma maneira terrível. Gente que eu achava que sempre esteve e sempre estaria, não está mais, e eu não sei se quero que esteja, porque, ao estar, não me faz bem como fazia antes. Um monte de gente morreu. Um monte de gente chegou. Um monte de gente sumiu, e mais um monte de gente está irremediavelmente triste e distante por dentro. Um monte de gente também cresceu, amadureceu, está mais bonito, mais feliz, mais esperançoso. Mudaram, porque TODAS AS PESSOAS mudam. Afinal, estão vivas.

Mudou também o meu trabalho. Completamente. Ao ponto de eu pensar se ainda posso chamá-lo de meu. Passamos por uma pandemia, estou cansada demais e todos os dias eu penso o quanto vou ainda suportar, porque tudo não é mais como era, e ninguém sabe como é agora. E as pessoas relutam, não aceitam que TUDO muda, e pode ser que, infelizmente, mude pra pior.

A mulher da foto com a velinha de 41, estava viúva, deprimida e pensando se conseguiria amar novamente, depois de a vida lhe ter levado um grande amor. A mulher dos 46 está casada com um homem que lhe desafia a amar mais e melhor todos os dias, lutando pra sonhar de novo e reconstruir essa teia de sonhos afetivos; triste, também, mas por outros motivos – um pouco mais existenciais e mais difíceis de entender e resolver. Família, amigos, afetos, muita coisa mudou. MUDA, porque o que é do terreno da emoção, também MUDA, e muito rápido, como mudam as águas com os ciclos lunares.

A mulher de 41 tinha tantas certezas, que hoje desmoronaram completamente. Ela desconhecia coisas que hoje sabe. Ela acreditava em coisas que hoje não fazem o menor sentido. Ela cometia erros que hoje se esforça em não mais cometer. Ela tinha medo de coisas que enfrentou, também tinha coragem e disposição pra coisas que, hoje, não tem mais. Ela MUDOU. E se transformou em mim, na pessoa que hoje, eu sou. Sou… Não. ESTOU. Porque eu vou mudar de novo. E de novo. E de novo. E mais uma vez. E enquanto eu respirar, estarei mudando. Afinando e desafinando, como diria Guimarães Rosa. Porque é assim que é que quando a gente está VIVA.

Mas… Tem coisas que não mudam. Tem coisas que fazem parte da nossa essência, que estão dentro do tutano dos ossos, que estão na estrutura de tudo, coisas que estão em nuances que, passe o que passar, aconteça o que acontecer… Farão com que a mulher que eu sou continue sendo a mesma pessoa, reconhecível em qualquer lugar, ainda que o tempo passe e tudo em volta mude. Essas coisas são as que mais me são caras. O que são elas? Olhando nos olhos, no fundo, é possível ver. Isso, não muda.

Essa gana de viver, essa chama, esse brilho é o que me faz viver até aqui… E o que vai me levar adiante, enquanto me for permitido respirar neste planeta. Se algo eu puder deixar aqui, é isso. Nada mais, porque todo o resto, mudará.

Para o dia de hoje, presente em forma de canção, só pra mim: “Todo Cambia”, na voz forte e chorosa de Mercedes Sosa.

Obrigada, vida, obrigada, Deus, por ter me dado a capacidade de mudar o que é preciso, e manter e aceitar o que é essencial.

MUDA, TUDO MUDA

Muda o superficial, muda também o profundo

Muda o modo de pensar, muda tudo neste mundo

Muda o clima, com os anos; muda o pastor e o rebanho

E assim como tudo muda, que eu mude, não é estranho…

Muda o mais fino brilhante, de mão em mão o seu brilho

Muda o ninho do passarinho, muda o sentimento do amante

Muda o rumo do caminhante, ainda que isso lhe cause dano

E assim como tudo muda, que eu mude, não é estranho

Muda o sol em sua carreira, quando a noite permanece

Muda a planta e se veste de verde, na primavera

Muda o pelo do animal, muda o cabelo do ancião

E assim como tudo muda, que eu mude não é estranho

Mas não muda o meu amor, por mais longe que me encontre

Nem a memória, nem a dor, do meu povo, da minha gente

E o que mudou hoje também vai mudar amanhã,

Assim como mudo eu, nessas terras distantes…

Muda, tudo muda…

UM ANO NOVO PARA UMA PESSOA NOVA

Precisamos da escuridão para ver melhor? - A mente é maravilhosa

“Envelhecer é um processo extraordinário em que você se torna a pessoa que você sempre deveria ter sido.”

É interessante pensar que alguém como David Bowie, conhecido por ser um camaleão, uma pessoa tão autêntica e tão diferente da maioria das outras, um gênio criativo, inteligentíssimo e revolucionário, tenha dito algo assim. Talvez, ao ser uma pessoa tão livre e tão múltipla, ao ter mostrado tantas facetas, ele estivesse justamente buscando o que encontrou ao envelhecer… Buscando autenticidade. Buscando viver livre das amarras… Buscando encontrar o que sempre esteve ao seu alcance – ao ser tantos, queria apenas ser ele mesmo.

Ao refletir sobre o tempo que foi, esse tempo louco que mal consigo distinguir quando começou ou quando vai acabar, fico pensando sobre isso. O que será que o fato de estar viva, aqui, e agora, realmente significa… O que sobreviver, e ganhar um ano novo, essa nova fatia de tempo, quando a humanidade passa por um turbilhão absurdo de problemas, pode significar. É chover no molhado dizer como foi duro viver e ver o que aconteceu com o mundo todo esse tempo. Portanto, estar aqui, viva, é certamente, uma oportunidade. Mas, oportunidade de quê?

E na verdade, quanto mais penso, mais vejo que erro. O tempo não vai ser novo… Porque o tempo é apenas o tempo. Não sou eu que estou ganhando um ano novo… O novo tempo não é um presente que a vida está me dando. Este ano é que precisa ganhar de mim uma nova pessoa.

Tenho pensado muito sobre essa nova pessoa. Ela precisa ser diferente… Mais autêntica, como Bowie falou. A que sempre deveria ter sido… E ainda não foi – mas já não pode mais não ser.

Uma pessoa um pouco mais tristinha, mais amarga e cheia de marcas do que já passou. E não foram poucas marcas. Uma pessoa que não consegue mais não absorver os absurdos deste mundo, fechada em sua torre. Infelizmente, a consciência tem seu preço; dissipar-se da ilusão de que tudo vai dar certo, de que vai passar, de que vamos melhorar, de que vamos evoluir é colocar o pé no chão e entender que não, não, não… Não vai dar nada certo assim, organicamente, espontaneamente, porque a vida é muita luta, e mesmo com toda a luta, corremos muito o risco de continuar dando tudo muito errado, seja por um vírus, seja por um tsunami, um meteoro, um acidente, um presidente escroto, o ódio gratuito das pessoas, o capitalismo, o pensamento colonizado, as estruturas de racismo, machismo… Enfim. A tendência é que dê tudo errado mesmo. E, ainda assim, não nos resta outra coisa a não ser continuar lutando pra que tudo dê certo pra maioria das pessoas que conhecemos.

Eu me esforcei a vida inteira pra enfeitar o mundo com coisas positivas. Amor, alegria, esperança, boa vontade, decência, ética, solidariedade, cuidado com o outro, empatia. Tinha um certo pensamento mágico de que, se espalhasse apenas essas coisas por aí, tudo daria certo, achava que era essa a minha missão. Aprendi duramente que não. Sigo acreditando em tudo isso, e cultivando isso tudo em mim e onde mais eu puder.  Mas nesse combo falta a verdade. E a verdade, exige enfrentamento. A nova pessoa que eu preciso ser precisa de mais verdade. Precisa exigir não ser mais silenciada. Precisa cobrar das outras pessoas mais respeito, mais comprometimento, menos hipocrisia. E precisa também respeitar-se, encarar as próprias incoerências, acertar os próprios ponteiros, olhar para as coisas como são. Rever os valores. Afastar-se, desistir. E também achegar-se mais, insistir. A verdade exige inteligência, medida das coisas, maturidade. E, no meio disso tudo, não deixar de ter um olhar amoroso pro mundo, pra não ficar bélica, amarga, triste demais. Haja equilíbrio. Mas, acima de tudo… Haja coragem.  

Fico com pena de ver tanta gente que desperdiça tempo. Porque tempo é matéria que não se compra. Ninguém pode comprar tempo a mais quando está lá, diante da verdade. Ou você toma uma decisão, e vai… Ou se acomoda, e finge que não está vendo o tempo passar. O tempo não para. E não vai parar até você estar pronta. E tem gente que morre sem estar pronto, e nunca vai ser a pessoa que precisava ser. Passa pela vida sem a experiência de simplesmente ser.

Um novo ano pode ser a fatia de tempo inspiradora para o recomeço. Então, que assim seja.

Que em 2022, tudo aconteça, e vai acontecer mesmo, não depende de nós.

Mas que, pra mim e pra você, que seja o tempo de realmente, simplesmente, e verdadeiramente… SER.

Tim tim!

O AMOR É UMA GRANDE COISA FEITA DE PEQUENOS PEDAÇOS

É de repente que eu percebo. Mas é nos detalhes que acontece.

Tem dias que me olho no espelho, e penso, estou tão diferente; mais forte, mais madura, mais consciente, mais seletiva, mais feliz, mais sadia. Mas é todos os dias, convivendo com você, que eu aprendo um pouco mais sobre mim – é nesse desafio de estar com outra pessoa tão de perto que eu saí do conforto da solidão pra me reinventar todos os dias.

Tem dias que eu me sinto fraca, adoentada, tristonha, insone, preocupada, ansiosa, melancólica, desesperançada. Mas é todo dia que eu preciso de você, todos os dias estou contando com o seu cuidado, com os seus lembretes, com as suas gentilezas, com as suas discretas observações, com o seu apoio, com o seu ouvido, com a sua disposição pra partilhar e cuidar de mim.

Tem dias que eu sento e tenho grandes sonhos, como adotar uma criança, montar uma cozinha solidária, comprar uma casa térrea com jardim, ir viajar pro México ou mudar de escola ou profissão. Mas é sempre que tenho a segurança de fazer pequenos planos com você, seja de me arriscar ir à feira na pandemia, marcar a consulta, planejar o filme do final de semana, dar uma olhada naquele curso, ou a caminhada do domingo à tarde, porque com você fica mais fácil me sentir motivada pra dar os pequenos passos da vida que levam aos grandes passos depois.

Tem dias que eu oro e agradeço pelo nosso encontro. Mas é todos os dias que meu coração está grato, cada vez que eu percebo como você é especial, como é inteligente, e gentil, e companheiro, e engraçado, e perspicaz, e prestativo, e psicanalista, e crítico, e doce, e carinhoso, e quente, e atencioso, e disposto a mudar, e cheio das suas manias, mas tolerante com as minhas, e como sou grata por a gente ter se encontrado, e se amado, e se entendido desse jeito e ser tão feliz juntos.

Tem dias que eu decido que vou deixar pra lá e não fazer confusão, e tem dias que eu sei que você tomou a mesma decisão em relação a mim. Mas é todo dia que a gente se perdoa, e se aceita em nossas limitações, e aprende um pouco mais um sobre a outra, e a outra sobre o um, e vai desconstruindo as idealizações, lidando com nossos egos, aceitando o jeito, podando aqui e ali, aprendendo a lidar, entrando nos acordos, os silenciosos e os manifestos, e assim a gente vai se tornando melhor, assim, por amor mesmo, porque vale a pena.

Tem dias de jantar especial, de comemoração, de cuidado, de declaração de amor, de cartinha, de agrado. Mas é todo dia que eu me esforço, que nos esforçamos. Todo dia tem comida feita, louça lavada, casa organizada, esforço pra ajeitar os horários pra almoçar e jantar junto, todo dia tem você lavando a roupa, carregando o lixo, varrendo tudo , regando as plantas e consertando o que está quebrado, todo dia tem a gente se esforçando pra pagar as contas e resolver os problemas do dia a dia, todo dia tem “vamos dormir que amanhã você levanta cedo”, todo dia tem “coloca uma meia que seu pé já tá gelado”, todo dia tem “deixei seu prato separado”, todo dia tem “não esquece de tomar seu remédio”, todo dia tem “pegou a máscara e o álcool gel?”, todo dia tem “deixa esse celular um pouco, tá demais já”, todo dia tem presença, porque amor é isso, é presença, presença e mais presença, amor é entrega, amor não tem nada a ver com indiferença.

Tem dias que eu olho e penso, puxa, já faz tudo isso… Parece tão mais. Parece a vida toda.  É que todo dia o tempo passa. E cada dia eu penso que sou, sim, uma pessoa que nasceu só neste mundo, como todo mundo. Mas é um presente dividir a vida com você, e espero que possamos partilhar a vida juntos por muito, muito, muito tempo.

É num dia especial que eu acho de comemorar. Mas é todo dia que eu te amo.

Feliz dia dos namorados e namoradas pra quem, como eu, sabe que o amor é uma grande coisa que é feita de pequenos pedaços de corações dispostos a se entregar.

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Arte da Sereiarte

2020

Arquivos Guerra Civil - Forças Terrestres - ForTe

É… Eu sei. 2020. Não tem nem o que dizer.

Pensei muito como escrever algo esperançoso sentindo esse cheiro terrível de morte pelo ar. Morte da dignidade. Morte da confiança no outro. Morte da ilusão de segurança. Morte física de tanta gente. Morte da esperança na humanidade. Morte da inteligência, do bom senso, da justiça. Morte da empatia e da alegria. Morte da troca, da companhia. Morte da lealdade. Morte de tantos amores. Morte da cultura, da política, da saúde. Tanta morte por aí. Difícil achar quem, como eu, não tenha se sentido destroçado, destroçada em 2020. Difícil achar quem esteja esperando algo melhor olhando ao lado e vendo tudo desabando, ou desabado.

Pensei muito em como olhar pra fora e achar que amanhã começa tudo de novo, se estou aqui dentro, dentro de casa, dentro de mim, sem muita perspectiva de sair livre por aí de novo. Parece até ofensivo ter esperança em um tempo tão árido, tão duro, tão triste.

Uma vez vi uma cena de um desses cenários de guerra. À frente, o repórter entrevistava alguém chorando, contando o horror de ter visto a bomba cair, falando sobre as perdas da família. Ao fundo, um homem revirando os destroços, calmamente. O repórter também foi até ele. Nos destroços, ele, que tinha perdido TUDO – casa, família, dinheiro, amigos, TUDO – procurava alguma coisa, qualquer coisa, pra poder levar com ele e continuar. Segundo ele, não precisava de muito. Só alguma coisa – um objeto, uma imagem, um símbolo – para continuar. Só uma coisa, que não o deixasse esquecer que teve uma vida antes, e de onde pudesse partir para ter uma vida depois. Ele encontrou um cálice de metal que remetia a um ritual religioso. E ali, pisando em tudo que foi destruído, ele sorriu.

Entre os destroços de 2020, fico pensando o que posso encontrar para levar adiante, em 2021. É aqui, nessa terra arrasada, que tenho que continuar reconstruindo minha vida. É aqui que continuo amando, sonhando, costurando coisas para amanhã. Levo uma fotografia da minha família, levo a minha aliança de casamento, levo as amigas que se mostraram fiéis, levo a minha fé, levo o meu processo de autoconhecimento, levo a minha coragem de reformular o meu trabalho, que parecia a coisa mais sólida do mundo. Acima de tudo, levo a mim mesma. É tudo que eu tenho e que terei sempre.

2020 não foi um ano perdido. Foi um ano revolucionário. Percebemos nossa fragilidade, mas também nossa grandeza e nossa potência. A força de um ser humano entre os destroços de uma vida destruída querendo algo pequeno pra ter um motivo pra seguir em frente é a mesma força que está em todos os outros humanos e humanas. É natural da vida o movimento de resistir, de recriar, de realizar tudo de novo. Que eu não rejeite isso. Que eu aceite e siga em frente. Que ecoem em mim as palavras sábias e lindas de Adélia Prado:

“Eu sempre sonho que uma coisa gera, nunca nada está morto.

O que não parece vivo, aduba.

O que parece estático, espera.”

Que entre os seus destroços, você encontre o que precisa pra seguir adiante e reconstruir sua vida em 2021. Tim tim.

OS 15 PARCEIROS DO AMOR – AMOR E ALIANÇA

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Meus tão queridos noivinhos…

A aliança, do latim alligare, remete à ideia de ligação. É um símbolo poderosíssimo e muito antigo de comprometimento. Não só de compromisso, mas de comprometimento. Há uma diferença aí. O compromisso está no modus operandi social, está na obrigação, está no contrato, está no papel, está no que todo mundo vê. O comprometimento… Esse é um ato, uma ação que vem de dentro pra fora. É a atitude, é a vontade, é o carinho… É a consequência do amor.

Fazer uma aliança com alguém é fazer um pacto, é o #tamojunto pra sempre. As alianças que vocês vão colocar no dedo um do outro não apenas vai dizer pro mundo que vocês tomaram a decisão de estar junto com alguém, não apenas vão perdurar e anunciar o estado civil de vocês; mas vai dizer coisas a vocês mesmos sobre o comprometimento que assumiram de dispor o corpo, a mente, a alma e o coração para outra pessoa.

O anel que vai estar no dedo anelar esquerdo de vocês ( antiga tradição, que vem da crença que esse dedo possui uma veia que liga a ponta dos dedos diretamente ao coração ) é redondo, um círculo perfeito. Ninguém sabe onde começa e nem onde termina o círculo… E assim vocês desejam que seja o amor de vocês. Eterno… Atemporal… Profundo e contínuo, num vai e vem bonito e forte.

Os anéis serão de ouro ( ou algo que o imite ), porque o ouro é um material nobre, de valor econômico reconhecido, uma joia, um bem. Mas também porque o ouro não enferruja, não se desgasta facilmente e, quanto mais trabalhado e refinado ele é, mais puro e brilhante ele se mostra. Assim vocês desejam que seja o casamento de vocês – durável, puro, refinado, nobre… Uma joia para se guardar.

Aliançar com alguém é uma decisão tão séria quanto linda e natural. Antes de tomar a decisão de se casarem, vocês antes já aliançaram o coração. Os hindus, primeiros a usar a aliança como símbolo de união de casamento, acreditavam que carregar do dedo um anel que o outro havia dado significava trazer junto de si o seu coração, mesmo na distância. As primeiras alianças eram imantadas, e uma vez próximas, atraiam-se, grudavam-se. Mas reparem que, por mais que a aliança seja forte, e linda… É uma só; a outra, somente a outra pessoa poderá carregar. Um com o outro, o outro com o um. Não é lindo: 😉

Noivinhos queridos, tão queridos… Vocês me escolheram para abençoar as alianças de vocês, e eu as abençoo. Com esse ato, assumo também parte da aliança, para acompanhá-los; ofereço a vocês o que de melhor houver em mim e na minha capacidade e aprendizado de amar para ajudá-los nessa caminhada. Nas crises, nas alegrias, nas secas, nos frutos… Eu quero estar perto. E desde já abençoo a aliança concreta e a aliança de amor no coração de vocês.

Que quando olharem para esse anel nos dias de muito amor e romance, que sintam-se satisfeitos e felizes por terem se escolhido. Que quando olharem para esse anel nos dias de raiva, que lembrem-se dos votos e escolha que fizeram e sejam capazes de dar um passo para mais perto, e não para mais longe. Que quando olharem para esse anel nos dias de dificuldade, se lembrem que, apesar de serem sós, não estão mais sós, e podem contar com alguém. Que quando olharem para esse anel, sintam-se nobres e capazes de fazer escolhas que, às custas de domar o próprio ego, privilegiem o outro. Que quando olharem pra esse anel, lembrem-se que o companheirismo vai sustentar o sentimento de vocês, e não o sentimento sustentar o companheirismo. Que quando olharem para esse anel, que vocês se escolham de novo, e de novo, e de novo. Que quando olharem para esse anel, lembrem-se do dia feliz que foi o casamento de vocês. Que quando olharem para essa aliança, sintam-se acolhidos pelo outro. Quando olharem para esse anel, que se lembrem que há um Criador cuidando de vocês, lhes dando sabedoria e ajudando nessa busca incrível de serem melhores como pessoa e como casal.

Que quando olharem para esse anel, lembrem-se da tarefa de fazer o outro feliz, da satisfação que é isso, e pensem que o outro estará buscando a mesma coisa, e assim, vocês seguirão felizes e em paz.

Que quando olharem pra esse anel, saibam que são casados, aliançados e felizes, e que amar é a maior aventura, o maior sentido, a maior missão, a maior razão dessa vida.

Que sejam felizes para sempre como estão felizes juntos hoje!

Amo vocês, muito. ❤

 

OS 15 PARCEIROS DO AMOR – AMOR E LEALDADE

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Ah, queridos noivinhos…

Quase no final da nossa jornada, venho para falar de um assunto difícil, mas importante. Mais do que fiéis… É importante que vocês sejam leais um com o outro.

Quantos e quantos casamentos e relacionamentos acabam por traições. A traição é uma bactéria silenciosa e poderosíssima, que corrói o amor, um verdadeiro veneno. Eu conheço, e sei que vocês conhecem também muitas histórias de casais que se amaram muito, mas deixaram se contaminar pelo tédio, pelo egoísmo, pelo desprezo e acabaram por trair-se, e trair um ao outro. Talvez até, como eu, já tenham sido feridos ou feriram por isso.

A fidelidade é importante, sim. Mas antes dela, sejam leais um com o outro. A lealdade é diferente da fidelidade. A fidelidade é uma cobrança, é um trato social; e depende muito de o outro descobrir seus atos. A fidelidade se refere a um compromisso assumido entre vocês. E se é isso que desejam, se é assim que vocês escolheram, vocês podem prometer serem fiéis um ao outro. Mas a lealdade é ainda maior e mais profunda do que isso. A lealdade trata do que está dentro do coração.

Sejam leais, queridos noivinhos. Não traiam o propósito que assumiram um com o outro de respeitarem-se, de cuidarem um do outro, de abdicar de coisas passageiras em favor de algo maior. Claro, a tentação de mentir, de esconder, de dissimular, de manipular… Ela pode chegar. E pode parecer mais fácil passar o outro para trás para dar vazão a algo que vocês querem muito, nem que esse algo seja apenas um momento de liberdade, nem que esse algo seja apenas deixar de lado um pouco, um pouquinho o peso do compromisso. Mas tenham certeza que, sendo desleais, ainda que ninguém mais saiba, vai destruir vocês por dentro, e por consequência, destruir o amor.

Sejam leais. E isso vai além de não olhar para outro homem, ou outra mulher, com desejo. Sejam leais e digam um ao outro quando algo não vai bem, para que o outro tenha a chance de melhorar. Sejam leais e não falem mal do outro com ninguém, e nem façam o outro ser motivo de desprezo e chacota para se sair bem na rodinha, não antes de terem falado o que tinham para falhar olho no olho um do outro. Sejam leais e respeitem o jeito um do outro, e assumam seus erros, resistam à tentação de jogar no outro as suas culpas e manipular as situações. Sejam leais não deixando que sua boca diga palavras que em nada combinam com o que sentem e pensam. Sejam leais e valorizem a verdade, fujam da facilidade da mentira, ela é traiçoeira. Sejam leais e eduquem-se para manter sempre a porta aberta um ao outro, mas fechada para o que pode contaminar o amor de vocês. seja lá o que for.

Os combinados de cada casal, é de cada casal. Hoje em dia cada vez mais vemos diversos arranjos, diversos jeitos de ser casal, vários combinados diferentes, e o que serve para uns, pode ser insuportável para o outro. Isso é algo que só vocês podem saber, descobrir, e tratar. Mas, uma vez tratado, sejam leais ao que combinaram. Garanto que vai valer a pena sufocar o ego algumas vezes por amor. E se não valer… Deixem o outro saber e resolvam a situação antes de se machucarem demais. Acreditem na verdade, na sinceridade, na lealdade… E na força do amor de vocês.

“Fidelidade é Jurada ao outro. Lealdade é oferecida. Fidelidade é obrigação. Lealdade é escolha. Fidelidade é função social. Lealdade é princípio. Fidelidade é cobrança. Lealdade é entrega. Fidelidade é fofoca. Lealdade evita intriga. Fidelidade é paixão. Lealdade é amor. Sou fiel apenas a mim mesmo, sendo leal aos outros não preciso cobrar nada de ninguém.” Tico Santa Cruz

Sejam leais… E até a próxima… Que será a última e muito especial. 😉

OS 15 PARCEIROS DO AMOR – AMOR E LIBERDADE

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Queridos noivinhos…

Cada casal tem um jeito de ser casal, e isso é porque vocês são únicos no mundo. Há casais mais juntos, outros mais largados um do outro, casais que se alimentam de briga, outros precisam de paz, casais ciumentos, casais descolados… Não importa. O amor tem personalidade, como já conversamos.

Mas, diferenças à parte, o que faz um casal ser casal é apenas estarem juntos. No entanto, noivinhos, é importante lembrar: o amor nunca foi e nunca será uma prisão, para nenhum de vocês. O verdadeiro amor liberta, e gosta de ver o outro livre.

É difícil lidar com nossa natureza humana, que deseja sempre o poder. Quando damos a alguém a chance de nos amar, damos também a essa pessoa um certo poder sobre nós. É aí que muitas histórias de amor viram verdadeiros horrores. Sentimentos como inveja, ciúme, controle, posse, egoísmo estão em nós e eventualmente vão aparecer. Mas essas coisas ruins, alimentadas com o poder de manipulação do sentimento do outro, podem tomar proporções catastróficas e destruir tudo de bom que vocês estão se esforçando em construir. Então, queridos noivinhos, saibam dominar em vocês esse desejo de submeter o outro, de curvá-lo, de dominá-lo, de calá-lo. Por amor, e só por amor… Entendam que é importante valorizar a liberdade de cada um ser quem é, fazer o que quiser, e que os acordos são acordos… Nunca imposições. Que, ao olharem um pro outro, vocês tenham certeza que o outro está ali porque quer, e não porque teve as asas cortadas.

Parece óbvio e parece fácil, mas não é. Não é, e como está na Bíblia, a convivência entre duas pessoas é ferro afiando ferro, no choque, na faísca, no atrito. Se o outro tem o poder de nos engrandecer, nos valorizar, e nos fazer voar… Também é justamente esse contato tão íntimo que dá ao outro o conhecimento do que mais nos dói, de onde apertar para nos derrubar, do que dizer para nos quebrar e nos destruir. Esse espelho da relação – que mostra o que temos de melhor, mas também o que temos de pior – nem sempre é fácil de suportar. É grande a tentação de querer dominar o outro pela força quando as coisas ficam difíceis ( força física, força emocional ). E, para garantir a liberdade do outro… Precisamos ter em nós muita vigilância, além do nosso próprio desejo de querer voar. Precisamos ser sós para poder ser dois em um.

Aceitem, queridos noivinhos, aceitem que às vezes o outro vai querer navegar longe de você um pouco. Confiem um no outro o suficiente pra isso, e quando voltar… Vocês terão tanto a dividir e compartilhar. Tenham projetos juntos, mas também cuidem dos seus projetos pessoais. Tenham muitos momentos a dois, mas também tenham o seu momento de serem um só, e voem para onde for preciso. E lembrem-se das palavras dos poetas:

“Liberdade, essa palavra, que o sonho humano alimenta… Uma coisa que ninguém explica, mas não há quem não entenda.”

Cecília Meireles

“Amar é ter um pássaro pousado no dedo. E quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode querer voar.”

Rubem Alves

Até a próxima!

 

OS 15 PARCEIROS DO AMOR – AMOR E FÉ

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Queridos novinhos…

Haverá períodos em que apenas a realidade objetiva não será suficiente; nem a boa vontade, nem a paixão, nem os amigos e a família, nem mesmo a esperança. É por isso que relacionamos o casamento àquele juramento meio demodê, mas muito profundo, que os noivos fazem no altar: o de prometer estar junto na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza. É que o amor, na pobreza, na tristeza, na doença, nos períodos de chuva, de ódio, de terremoto… Precisa da fé como parceira.

A imagem do quadro do Magritte é muito interessante. Olhando para o ovo, ele pinta o pássaro. Pra mim, fé tem muito a ver com isso – do pouco, esperar o muito; da evidência, enxergar a concretização; do início, ver o meio, e por tudo isso… Seguir adiante. A fé depende de que tenhamos esse desejo e essa abertura, de crer no que ainda não existe, e por isso, achar que os períodos ruins passarão, e os períodos bons perdurarão, e o que ainda não nasceu vai nascer e mudar tudo.

A fé é importante em um lar, porque, ao contrário do que se poderia pensar, muitas vezes, não é o amor que sustenta o vínculo, e sim o vínculo que sustenta o amor – e para isso, é preciso fé. Quando o amor falha, e quando todos esses parceiros que o circundam vão embora, então… É hora da fé. A fé, como bem disse o apóstolo Paulo, “é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem” ( Hebreus 11:1 ). Tenham fé nesse amor tão lindo que estão construindo.

A fé o que vocês vão precisar nos dias em que faltar dinheiro e sobrar trabalho. Nos dias em que se sentirem sozinhos e abandonados um do outro. No dia em que houver decepção. Nos dias em que parecer que tudo deu errado. Quando estiverem doentes. Quando aquilo que vocês tanto queriam e esperavam não aconteceu. Nos dias em que estiverem sem nada… Esses são os dias em que a fé virá. A fé, que é o que dá sentido ao vazio.

Fé no amor de vocês dois…

Fé no outro, na outra…

Fé em si mesmo…

Fé no Criador, que é todo amor…

Fé no passado, que relembra a identidade de vocês como casal…

Fé no futuro, que é sempre uma página em branco, onde tudo pode ser escrito…

Fé nas promessas que fizeram, apostando na totalidade do outro…

Fé que tudo vai dar certo, mesmo quando tudo estiver errado.

Usem da fé, orem juntos, aprendam juntos, estendam a mão para quando o outro cair, façam desse fundamento o calçado de vocês para a caminhada, mesmo que pareça loucura… E preparem-se para ver o milagre acontecer.

Lembrem-se, queridos noivinhos – o oposto da fé não é a dúvida… E sim o medo. Acreditem, e vocês conseguirão andar sobre qualquer mar juntos.

Até a próxima!

 

OS 15 PARCEIROS DO AMOR – AMOR E MUDANÇA

 

Queridos noivinhos…

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Queridos noivinhos…

O amor é natural. É quente como o fogo, é profundo como a água, é leve como o vento, é fértil como a terra. E como tudo que é natural, é feito de ciclos. É como as fases da lua, é como o balanço das marés, é como a força das estações, é como o Sol, como as plantas, como cada dia que clareia e depois escurece. Em cada semente, está uma perspectiva de crescimento. Em cada auge, está um declínio. Em cada poda, está um novo florescimento. Em cada morte, está um recomeço.

É duro pensar que tudo muda. Especialmente quando estamos felizes e tranquilos. Queremos evitar a impermanência da vida e nos esforçamos para negar a quebra dos nossos sonhos de perfeição. Nada resiste intacto ao tempo. Como dizia a linda poetisa, “mesmo as pedras, com o tempo, mudam“. E se é assim, queridos noivinhos… Há de se esperar que o amor de vocês, do jeito como ele é hoje, por melhor e mais gostoso que seja… Um dia vai acabar.

Mas aí está um grande segredo, que os teimosos, os imaturos, os iludidos não podem entender. Se não podemos contra o tempo e contra algumas mortes que fazem parte da vida… Precisamos aceitá-los e trazê-los para o nosso abrigo. Aceitar as mudanças do tempo e algumas mortes evita que tenhamos que finalizar definitivamente uma relação. Encarem as pequenas mortes do processo de amor de vocês como o fim momentâneo de um ciclo, e o começo de outro. Entendam as mudanças do amor e vocês terão uma grande chance de ser felizes por muito, muito tempo juntos.

Aceitem que vocês mudarão sozinhos, individualmente, e mudarão também como casal. Não há problemas nisso. A mudança é boa, é positiva, ela renova. Claro, existem também mudanças ruins. Mas até essas trazem vigor para o relacionamento, se soubermos lidar com elas. Quando tudo mudar, mudem também, e nisso está a verdadeira permanência do que vocês realmente precisam.

A escritora e terapeuta Clarissa Pinkola Estés conta uma história do povo inuit, a mulher esqueleto, e faz uma brilhante análise da relação de amor entre duas pessoas ( a história está aqui ). Ela diz que não precisamos ter medo das mudanças, e sim desejá-las, pois em cada declínio de uma fase está um novo começo. E esse renovo garante a vida do amor. Creiam nisso.

Sendo assim, queridos noivinhos, sejam sábios… E aceitem as mudanças. Aprendam a esperar; aprendam a compreender; aprendam a deixar ir; aprendam a receber. Aceitem as fases de seca do relacionamento da mesma forma que aceitam as flores e frutos. Aceitem o frio do mesmo jeito que gostam do calor. Aceitem que o outro muda, e deixem-se mudar também. A mudança do outro vai fazer com que vocês tenham vontade de progredir, de reconhecer aquela nova pessoa, e de reapaixonar-se. Reapaixonar-se é preciso, e que lindo que é isso: a outra pessoa, ao viver experiências legais, vai mudar e vai fazer com que você também vá junto, tornando-se alguém melhor.

E, para terminar, apenas um lembrete: embora muita coisa mude, há a essência, que permanece. Cuidem também dessa essência, não deixem que se contamine. A essência do amor de vocês, o desejo de cuidar e acompanhar um ao outro, a disposição para amar… Essa, vocês podem guardar. Ela é o alicerce onde tudo será construído.

Que o amor de vocês dure para sempre, guardando a capacidade de mudar e renovar. ❤